quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sem o 1º de maio

O Dia do Trabalho deveria ser hoje, 3 de maio. Foi neste dia, 1886, Estados Unidos, que a polícia atirou contra uma multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. A manifestação que reivindicava jornada de trabalho para 8 horas começou no 1º de maio, e por isto a data. Em todo caso, no “calendário” cristão o assunto escapa do aspecto conflitante e entra no campo definido como “para o Senhor”: “Trabalhem com prazer, como se vocês estivessem trabalhando para o Senhor e não para pessoas” (Efésios 6.7). Evidentemente, um desafio por aquilo que está no Gênesis: “Você terá que trabalhar duramente a vida inteira”.  
 
No entanto, trabalho não é maldição. Maldita é a previsão da Organização Internacional do Trabalho para o final de 2012: mais de 202 milhões de pessoas estarão desempregadas em todo o mundo. Maldita é a rebeldia humana que plantou ervas daninhas e dureza na labuta pela sobrevivência, que colheu ganância, opressão, preguiça, desonestidade, injustiças, discórdias. Mas bendito é o fruto da árdua e eficiente obra do Filho de Deus, que por isto sugeriu: “Não trabalhem pela comida que se estraga, mas pela comida que dura para a vida eterna” (João 6.27). 
 
Diante disto, dependendo da relação com o trabalho, haverá felicidade ou infortúnio. Não pelo sucesso material, mas por aquilo que disse Jesus: “Onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês” (Lucas 12.34). Bem lembrou o Sábio: “Nós trabalhamos e nos preocupamos a vida toda e o que é que ganhamos com isso? No entanto, compreendi que mesmo essas coisas vêm de Deus” (Eclesiastes 2.22). “Não adianta trabalhar demais para ganhar o pão”, alertou Davi, “levantando cedo e deitando tarde, pois é Deus que dá o sustento aos que ele ama mesmo quando estão dormindo” (Salmo 127.2). Logicamente, promessa que não justifica a irresponsabilidade, mas aponta para a confiança e o equilíbrio. Por fim, nos vícios da corrupção, injustiças e violência, diferente seria se todos vivessem “do seu próprio trabalho” (1 Ts 4.11) – sem o 1º de maio.

Marcos Schmidt
pastor luterano

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