O
Dia do Trabalho deveria ser hoje, 3 de maio. Foi neste dia, 1886,
Estados Unidos, que a polícia atirou contra uma multidão, matando doze
pessoas e ferindo dezenas. A manifestação que reivindicava jornada de
trabalho para 8 horas começou no 1º de maio, e por isto a data. Em todo
caso, no “calendário” cristão o assunto escapa do aspecto conflitante e
entra no campo definido como “para o Senhor”: “Trabalhem com prazer,
como se vocês estivessem trabalhando para o Senhor e não para pessoas”
(Efésios 6.7). Evidentemente, um desafio por aquilo que está no Gênesis:
“Você terá que trabalhar duramente a vida inteira”.
No entanto, trabalho não é maldição. Maldita é a previsão da Organização
Internacional do Trabalho para o final de 2012: mais de 202 milhões de
pessoas estarão desempregadas em todo o mundo. Maldita é a rebeldia humana que
plantou ervas daninhas e dureza na labuta pela sobrevivência, que
colheu ganância, opressão, preguiça, desonestidade, injustiças,
discórdias. Mas bendito é o fruto da árdua e eficiente obra do Filho de
Deus, que por isto sugeriu: “Não trabalhem pela comida que se estraga,
mas pela comida que dura para a vida eterna” (João 6.27).
Diante
disto, dependendo da relação com o trabalho, haverá felicidade ou
infortúnio. Não pelo sucesso material, mas por aquilo que disse Jesus:
“Onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês” (Lucas
12.34). Bem lembrou o Sábio: “Nós trabalhamos e nos preocupamos a vida
toda e o que é que ganhamos com isso? No entanto, compreendi que mesmo
essas coisas vêm de Deus” (Eclesiastes 2.22). “Não adianta trabalhar
demais para ganhar o pão”, alertou Davi, “levantando cedo e deitando
tarde, pois é Deus que dá o sustento aos que ele ama mesmo quando estão
dormindo” (Salmo 127.2). Logicamente, promessa que não justifica a
irresponsabilidade, mas aponta para a confiança e o equilíbrio. Por fim,
nos vícios da corrupção, injustiças e violência, diferente seria se
todos vivessem “do seu próprio trabalho” (1 Ts 4.11) – sem o 1º de maio.
Marcos Schmidt
pastor luterano
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