Domingo
estaremos com a faca e o queijo na mão, mas como evitar que depois
roubem o nosso queijo? Este é um detalhe que ainda precisamos aprender. O
julgamento do Mensalão tem mostrado que nem tudo está perdido, e quem
sabe, depois de escolhermos o nosso prefeito e vereadores, tenhamos mais
audácia para pressioná-los ou denunciá-los. Até porque eles são
colocados lá para o bem comum da sociedade e não para serem servidos por
ela. “Eu vim para servir”, disse Jesus aos seus discípulos, indicando o
caminho para fazerem o mesmo. A política é um discipulado. As pessoas
públicas são colocadas nos seus lugares por Deus, e para isto pagamos
impostos, escreve Paulo (Romanos 13.6). Assim o voto é divino, e,
portanto um compromisso cristão.
Mas
um compromisso também para cobrar. É assim na vida cristã, somos
responsáveis uns pelos outros. “Se o seu irmão pecar vá e mostre o erro
dele” (Mateus 18.15), lembra o Salvador. Na administração pública deve
acontecer o mesmo. Até porque se um prefeito ou vereador está pecando
por negligência, irresponsabilidade, corrupção, falcatruas, sendo infiel
à sua vocação, quem é responsável por denunciar estas iniquidades?
Somos nós, aqueles que os elegeram. Portanto, chega de falar dos
políticos corruptos, falemos aos políticos corruptos. Para isto a
sociedade civil deveria conhecer melhor os mecanismos para que o povo
não fique refém entre uma e outra eleição.
Outra
coisa, e se o vereador fosse voluntário, isto é, sem salário como era
antigamente? Eu penso que se tivéssemos vereadores voluntários, os
eleitos seriam pessoas movidas por legítimo civismo, além de eliminarmos
muitos interesseiros. Mas domingo é preciso escolher, e eu já sei em
quem não vou votar: naqueles que fazem barulho. Afinal, como pedir ajuda
a um vereador com a lei do silêncio se ele mesmo não a respeitou na sua
campanha? Um simples detalhe entre outros para que depois não roubem o
nosso queijo.
Marcos Schmidt