Certo homem procurou o médico a fim de fazer uma consulta. Quando chegou sua vez de ser atendido, disse: “Doutor, eu vivo inquieto e sofro de uma melancolia que torna a minha vida insuportável. Vim aqui para que o senhor me receite um medicamento, a fim de que eu possa gozar um pouco de paz e alegria”. O médico sorriu para ele, e disse: “Meu amigo, a medicina tem conseguido coisas extraordinárias nos últimos anos, mas até hoje não conseguiu descobrir ainda um medicamento que consiga dar ao homem paz e alegria”. Depois, compadecendo-se do homem, disse: “Disseram que chegou um circo aqui na nossa cidade esta semana, e que eles trouxeram junto um palhaço muito engraçado, que faz todo mundo rir. Pois vá lá ao circo, porque, quem sabe, se isso não lhe poderá ajudar!” Com lágrimas nos olhos e com a voz entrecortada, o homem respondeu: “Mas, doutor, aquele palhaço que o senhor acaba de falar sou eu!”.
O médico, ao ouvir estas palavras, recuou espantado, dizendo: “O que? O senhor é aquele palhaço que faz todo mundo rir e vem se queixar comigo que não tem alegria? Não posso acreditar numa coisa dessas?”.
Vivemos num mundo cheio de ansiedade e preocupação. O homem se preocupa com muitas coisas, como: comida, bebida, roupa, trabalho, casa e segurança.
Sim, os homens se preocupam com tantas coisas, mas se esquecem muitas vezes de se preocupar com o que é o mais importante: o bem estar espiritual, ou seja: a salvação de sua alma.
A Bíblia nos fala de uma pessoa que, em determinadas circunstâncias, também agia assim, que se preocupava apenas com as coisas materiais, deixando de lado as coisas espirituais. É a Marta, irmã de Maria e de Lázaro.
Relata-nos o evangelista Lucas que Jesus entrou certa vez num povoado chamado Betânia e lá se hospedou na casa de Maria e Marta.
Quando Jesus chegou na casa, uma das irmãs logo se assentou aos pés de Jesus para ouvir os seus ensinamentos e fortalecer a sua fé. Ela sabia que naquela hora era mais importante ouvir as palavras de Deus do que se preocupar com outras coisas, com o seu trabalho, por exemplo.
Marta, no entanto, estava mais preocupada com o serviço da casa. Ela estava mais preocupada em arrumar a casa e colocar tudo em ordem do que ouvir o que Jesus tinha a dizer.
Por isso ela deixa Jesus na sala e começa a se agitar de um lado para o outro, arrumando uma coisa aqui e outra ali. Varre a casa, passa um pano no chão, lava as vasilhas, coloca feijão no fogo... É serviço que não acaba mais.
Quando ela vê que não consegue dar conta do serviço, ela se estoura com a sua irmã, que está à toa, deixando-a fazer tudo sozinha. Chega até a se implicar com Jesus, dizendo: “Senhor, não te importas de que a minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me!”.
Jesus então se levanta indignado e repreende a Marta, dizendo: “Marta, Marta, andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa. Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada” (Lucas 10.38-42).
Quantas pessoas não procedem como a Marta! Andam de um lado para o outro, preocupadas com os seus muitos afazeres e não conseguem tempo para Deus. Estão tão ocupadas com o seu serviço que não sobra tempo para as coisas espirituais. Chega à hora do culto, tem que ficar em casa, pois ainda não conseguiram terminar o serviço. Querem ler a Bíblia, mas não tem tempo. Uma coisa aqui, outra ali. O tempo vai passando. E assim vão levando a vida.
Não havia nada de mal Marta trabalhar. Varrer a casa, lavar os pratos, colocar comida no fogo..., são coisas necessárias, que devem ser feitas. O que estava errado é que Marta estava fazendo isso numa hora errada. Ela estava fazendo isso numa hora em que ela devia estar assentada aos pés de Jesus, ouvindo os seus ensinamentos.
Lavar vasilha, limpar a casa e fazer comida, ela podia fazer isso em uma outra hora; mas ouvir os ensinamentos de Jesus nem sempre havia oportunidade. Aí é que estava o seu erro. Foi por isso que Jesus a repreendeu: ela estava trocando coisas importantes por coisas menos importantes, coisas necessárias por coisas desnecessárias.
Esse é também o erro de muitos. Não há nada de errado trabalhar, procurar meios para ganhar a vida. O que está errado é fazer isso na hora errada, na hora em que devia estar ouvindo a Palavra de Deus.
Domingo, por exemplo, é dia de culto, dia de ouvir a Palavra de Deus. Quantas pessoas nesse dia estão ocupadas com os seus próprios negócios e não encontram tempo para Deus. Outros não lêem a Bíblia em casa porque lhes falta tempo, pois estão ocupados com outras coisas.
Há pessoas que nem tão atarefadas estão, mas trocam as coisas de Deus por coisas sem importância e, algumas vezes, até pecaminosas. Uns, na hora do culto, estão assistindo jogo, outros estão olhando televisão e outros ainda estão correndo atrás de diversões mundanas.
Há também aqueles que deixam de ler a Bíblia porque não conseguem ficar quietos em casa: tem que ir ao bar para tomar uma pinga. Outros ainda trocam a leitura da Bíblia por uma novela, por um jogo de futebol ou por uma outra diversão qualquer.
Essas pessoas não sabem o que estão perdendo. Elas vão ser, um dia, duramente repreendidas por Jesus.
Além disso, a palavra de Deus é importante para a nossa vida. Ela, além de alimentar a nossa fé, serve ainda para desfazer muitas dúvidas que carregamos no coração.
Tomé era um dos discípulos de Jesus, fazia parte dos doze apóstolos. Tomé era um daqueles que achava não ser necessário se reunir com os demais, e às vezes faltava às reuniões da igreja.
Na Páscoa, dia da ressurreição de Jesus, os discípulos se reuniram para se fortalecerem mutuamente. Os seus corações estavam cheios de dúvidas: não conseguiam acreditar no que tinha acontecido. E, quando estavam reunidos, Jesus lhes aparece de uma maneira misteriosa. Os discípulos ficam confortados. Aquela reunião, com a presença de Jesus, desfizera todas as suas dúvidas.
Mas Tomé estava ausente. Logo Tomé que necessitava tanto do consolo da ressurreição, que tinha tantas dúvidas no coração e que precisava estar ali, não estava presente!
Nós não sabemos o que Tomé estava fazendo na hora da reunião. A verdade é que ele não estava onde devia estar e nem estava fazendo o que devia estar fazendo. E Tomé pagou caro pela sua negligência: além de ficar remoendo por mais uma semana as suas dúvidas, teve ainda que arcar com as duras repreensões de Jesus.
Todos nós temos as nossas dúvidas e os nossos momentos de fraqueza. É nos cultos que desfazemos essas dúvidas e fortalecemos a nossa fé. Em cada culto sempre há uma palavra de Deus que fala mais diretamente ao nosso coração. Faltando ao culto estamos nos privando de uma bênção muito grande para a nossa vida.
Por isso, não troquemos por nada a palavra de Deus. Não troquemos coisas importantes por coisas menos importantes e até mesmo desnecessárias.
Por mais atarefados que estivermos, por mais interessante que seja a diversão, se nessa hora tem alguma atividade na igreja, não deixemos de nos fazer presente. Não façamos como Marta fez que, em vez de ouvir a Jesus, se ocupou com outras coisas. Mas façamos como fez Maria, que soube tirar tempo para ouvir as palavras de Jesus.
Quem tira tempo para as coisas de Deus, tem a sua recompensa. Diz Jesus: “Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada”.
Conforme Jesus, as coisas terrenas os ladrões podem roubar e a traça e a ferrugem podem corroer. Mas aquilo que fizermos para Deus, através da fé em Cristo, tem valor eterno.
Escolhamos, pois, sempre a boa parte, como fez Maria, ajuntado tesouros nos céus pela fé em Cristo Jesus , que esta não nos será tirada. Que Deus nos conceda isso. Em nome de Jesus.
Lindolfo Pieper
Jaru, RO - Brasil
Igreja Evangélica Luterana do Brasil