O
Edelson Witt foi assassinado friamente com quatro tiros, confundido com
outra pessoa. Um engano parecido com a tragédia do avião derrubado por
um míssil na Ucrânia com 298 vítimas. “Bah, foi mal”, disse o matador
depois de perceber o “equívoco”. O Edelson tinha 42 anos e apesar da
deficiência e mentalidade de criança, atuava ativamente na igreja
luterana do bairro Santo Afonso em Novo Hamburgo. Ele gostava muito de
conversar e era estimado pelos amigos e vizinhos. Semana passada puxou
um papo amistoso comigo, a última lembrança que tenho dele. Seus pais e
irmãos estão muito abalados. É outro crime estúpido nesta onda de
violência que atinge a todos.
Qual
a saída? O que fazer? Para a família enlutada só resta o conforto
daquele que disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim,
ainda que morra, viverá” (João 11.25). Mas não podemos ficar só com as
mãos cruzadas em oração. É preciso indignar-se e exigir das autoridades
justiça, paz social e proteção. Sabe-se que a violência urbana tem
várias causas: desestruturação familiar, incapacidade dos governos,
impunidade, corrupção etc. No
meio disto está o tráfico de drogas, o grande agente dos crimes
violentos. Os “acertos de conta”, as chacinas e outras disputas entre
traficantes rivais transformaram-se em rotina. E nesta guerra de
bandidos somos confundidos e nos tornamos vítimas.
Tem
toda a razão o assassino do Edelson: “foi mal”. Foi o pior mal que
alguém pode cometer. Por isto o recado bíblico: “O assassino cava muito
depressa a sua própria sepultura” (Provérbios 28.17). Mas ao
mesmo tempo a Bíblia recomenda: “Não paguem a ninguém o mal com o mal
(...) Deixem que seja Deus quem dê o castigo” (Romanos 12.17,19). Aos
homicidas, caso queiram escapar do castigo eterno, basta se arrepender e
crer no perdão, pois, incrivelmente, até por eles Jesus orou na cruz:
“Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. O que não exclui a
devida punição nesta terra de Caim.
pastor luterano