*Márlon Hüther Antunes
As notícias da morte de Bin Laden reavivaram as cenas de terrorismo ocorridas na última década. É fato que o desejo de vingança nestes anos, nunca as esqueceram, uma questão de tempo para se “fazer justiça”. Mas com quem está a razão? Ou o direito de em nome da fé ou honra, se trucidem dezenas de milhares de pessoas, como tem sido? Quem são os verdadeiros mártires?O fanatismo em nome da fé, seja num Deus, propósito, ou ideologia, tem em todos os tempos passado por cima do que é o bem mais sagrado em qualquer tipo de crença: a vida. A história revela tantas atrocidades em nome de uma pseudo-religião, carregada de ideologias e interesses humanos. Começou no Éden e tem colocado todos em risco.
Loucos por guerra santa distorcem valores, manipulam pessoas como fantoches para atrair a honra para si a qualquer custo, privando-as da vida plena. Ignorância e distorção da verdade motivaram as Cruzadas, a Guerra dos camponeses, a perseguição de Hitler - que tentou reescrever a Bíblia com o intuito de eliminar as citações à cultura judaica. Ou do próprio Bin Laden que usou o alcorão para incitar ao terrorismo. Uma regra simples, mas contraditória: tentar pela violência e força da lei, promover a paz. Um grande exemplo de intolerância que nos cerca todos os tempos.
O apóstolo Paulo obcecado pelo farisaísmo judaico confessou: “Eu era tão fanático que persegui a Igreja” (Filipenses 3.6). O próprio Jesus alertou contra o falso cristianismo: “Tomem cuidado para que ninguém engane vocês. Porque muitos vão aparecer em meu nome” (Mateus 24.4). “O meu reino não é deste mundo” (João 18.36).
Nestes tempos que vão e que vem de guerra e aparente paz, onde todos são injustos e injustiçados e o desejo de vingança está à flor da pele, todos precisam de um “Conselheiro Maravilhoso, Príncipe da Paz" (Isaías 9.6). Justiça já foi feita, afinal: “Cristo nos libertou para que sejamos de fato livres. Por isso, continuem firmes nessa liberdade e não se tornem novamente escravos" (Gálatas 5.1). Enquanto as armas e interesses forem deste mundo, formando todo tipo de mártir, continuaremos neste caos. O desejo de justiça e a busca pela paz serão mais um capítulo sangrento.
A morte de Bin Laden foi mais uma batalha. Ignoro este tipo de mártir, vivo noutra certeza entre vida e morte: “em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8.39). Nele estou e vivo em paz!
*Pastor da Igreja Luterana em Maceió,AL